Instituto Pensar - As mulheres podem decidir as eleições no Brasil. Veja o por quê

As mulheres podem decidir as eleições no Brasil. Veja o por quê

por: Lillian Bento 


Foto: Levante Popular da Juventude.

Em todas as faixas etárias as mulheres são maioria. Têm preferências eleitorais bastante distintas das dos homens na disputa presidencial de outubro. E compõem a maior proporção de eleitores indecisos.

Esses três fatores somados mostram porque elas podem ser o grupo com maior poder de decisão nas eleições de outubro.

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Em reportagem publicada na BBC News Brasil, especialistas avaliam que as eleitoras que ainda não decidiram o voto devem ser o principal foco das campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Para a cientista política e professora da University College London, no Reino Unido, Malu Gatto, os três elementos somados potencializam a importância da participação feminina nas eleições brasileiras deste ano.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que apesar de formarem a maioria dos eleitores há algum tempo, este ano é a primeira vez que as mulheres são maioria em todos os grupos etários.

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Inclusive entre os eleitores na faixa dos 16 anos. De acordo com o TSE, as mulheres são 56% dos eleitores nessa faixa. Enquanto os homens são 42%.

Esse número, para Gatto revela um engajamento maior, uma vez que o voto só é obrigatório a partir dos 18 anos.

Há 20 anos, a população total de eleitoras era 2 pontos percentuais maior que os homens. Hoje essa diferença é de 6 pontos percentuais. Elas são 53% dos eleitores e eles 47%.

Outro ponto de grande relevância é que as mulheres estão em maior número entre os segmentos considerados chaves nas eleições de 2022. Elas são quase 60% os evangélicos no Brasil.

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A pesquisa Genial/Quaest, divulgada em maio, mostra que 33% das evangélicas votam em Bolsonaro, enquanto 31% preferem Lula.

O segundo ponto de relevância é o fato de as mulheres apresentarem preferência política muito diferente da dos homens na escolha quanto ao candidato à presidência.

A cientista política Nara Pavão, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), essa diferença acentuada na preferência eleitoral se revelou a partir das eleições de 2018, quando Jair Bolsonaro se candidatou pela primeira vez à Presidência.

No pleito deste ano, as pesquisas têm apontado uma diferença de 11 a 18 pontos percentuais entre homens em mulheres.

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Na Genial /Quaest de maio, por exemplo, 50% das eleitoras declararam voto em Lula, enquanto entre os homens o apoio é de 42%.

Por outro lado, 50% das eleitoras avaliaram negativamente o governo Bolsonaro, enquanto entre os homens apenas 41% tem esse percepção.

Entre as justificativas para que as mulheres tenham uma percepção negativa do atual governo está a gestão deste na área da saúde.

"Saúde é um tema caro às mulheres, porque boa parte das tarefas de cuidado ? e isso está associado a estereótipos de gênero e à forma como somos socializadas ? recai sobre elas. E a pauta da saúde não teve centralidade no governo Bolsonaro?, diz Nara Pavão.

Outro ponto importante destacado pela cientista política é a economia. Para uma parcela importante das mulheres não agrada a ideia de um Estado que interfira pouco na área e defenda a privatização.

"Não é que as mulheres não se preocupem com a economia. Elas se preocupam. Mas elas pensam a economia não em termos de desenvolvimento econômico. Elas pensam em termos de políticas sociais?, diz a professora.

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Defensoras da democracia

Segundo Nara Pavão, as mulheres também tem um maior apreço à democracia, de acordo com as pesquisas de opinião.

"As mulheres são muito mais democráticas do que os homens e estão menos dispostas a abrir mão da democracia. Isso se dá porque mulheres, em geral, respeitam mais regras e normas, até porque elas são punidas socialmente num grau muito maior que os homens se desviam das regras?, diz a professora.

Para a especialista, o comportamento de Bolsonaro de atacar as instituições, questionar o sistema eleitoral e comprar briga com o Judiciário é Legislativo não é bem visto entre as mulheres.

"Pensando que o governo Bolsonaro tem flertado com atitudes antidemocráticas, isso pode, sim, ser um ponto de alienação das mulheres?, diz.

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Indecisas na mira dos presidenciáveis

De acordo com as pesquisas eleitorais recentes, Lula tem de 44% a 46% das intenções de voto no primeiro turno. Enquanto Bolsonaro fica entre 29% e 32%.

Porém, quando há o recorte de gênero, as mulheres se torna decisivas. De acordo com a Genial/Quaest de maio, 12% das eleitoras ainda não se decidiram. Entre os homens, esse percentual é de 7%.




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